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Mostrando postagens de março, 2021

A linha tênue do amor

Houve um tempo lá atrás, nos meus quinze ou dezesseis anos que eu achava que amar era algo simples. Na verdade eu considerava tão banal, que toda vez que gostava de um rapaz, achava que era amor. O frio na barriga, o nervosismo de falar com ele, sonhar com ele, pensar o tempo todo nele, imaginar nosso futuro juntos, deseja-lo...Achava que tudo isso era amor. E amor não é só isso, isso qualquer um pode causar na gente. Quando conheci você, senti tudo isso. Mas conforme o tempo foi passando e fomos nos conhecendo mais, mais e mais foi aí que eu descobri o que era amar alguém, e é muito mais do que essas sensações físicas. A gente não sabe o que é amor romântico até que ame. E é uma linha tênue entre o amor, a dependência emocional e/ou a obsessão. Amor não é nada banal, nem fácil.  Amar é difícil, mas quando se tem reciprocidade e desejo de que tudo realmente de certo, o difícil se torna uma boa luta de se lutar. Letícia Pontes

Tempo perdido

Ela era tão inocente na infância. Afinal quem não é? Doce, sem nenhuma amargura, nenhuma cicatriz. Mas começaram ali mesmo as mudanças que foram destruindo-a. Um palavrão que aprendeu, um bullying que sofreu, um castigo que não merecia, uma crítica que julgava ela inferior e por ai foi. E os anos foram passando e tudo aquilo se intensificava, a cobrança para ser diferente, pintar as unhas, cortar os cabelos, mudar o estilo de roupa, ter um namorado, ser mais magra, ser mais popular, e ela nem notava que estava cedendo à tudo isso. As notas escolares diminuindo, as brigas com os pais, os cigarros e álcool aos quinze anos, a ausência do pai logo em seguida, a tristeza da mãe afetando tudo que ela fazia e cada dia as coisas afundaram mais.  Hoje em dia, com os próprios filhos dela já adultos, ela se pergunta porque não fez diferente, porque não valorizou mais os próprios pais e a si mesma. Ela diz que se tivesse a chance de voltar no tempo, faria tudo diferente e que dessa vez seria ...

Chuva de emoções

  Todas as vezes que você partiu, eu me prometi superar e seguir em frente. Logo depois lá estava eu te aceitando de volta. Me disseram que eu sou trouxa, que aceito ser pisada e desse jeito nunca vou encontrar a real felicidade. E alguém encontra? Desculpe se sou desacreditada, desculpe se eu nunca vi isso se tornar real, mas eu realmente acho que todos só tem alguns momentos felizes. Talvez isso seja a real felicidade, não? Ou talvez eu só seja uma pessoa com cicatrizes demais, que vi meu pai sofrer a vida inteira quando minha mãe nos abandonou, que vi minha vó ser traída e ficar calada, apanhar e dizer que merecia, e que vi minha irmã casar com um homem que abandonou ela grávida e nunca mais apareceu. Como eu poderia ser diferente? Lá vou eu novamente abrir a porta para você e me prender à uma pessoa que não me deseja nada de bom. Um ciclo infinito que eu não aprendi a me libertar. Letícia Pontes

Motivos demais

Quando nos conhecemos  tínhamos motivos o suficiente para não nos apaixonarmos. A minha mãe que te odiava, o seu irmão ser o meu ex-namorado, você ter traído a sua namorada com a prima dela, morarmos em cidades diferentes, gostarmos de coisas opostas. Mesmo assim nos apaixonamos. E quando nos apaixonamos tínhamos motivos demais para permanecermos juntos. A gente gostava de viajar junto, gostávamos de aprender novas receitas e cozinhar para o outro, você amava me mandar flores, mesmo eu achando brega. E eu amava recebe-las, porque era a intenção que me amolecia. A gente ficava melhor quando estava junto, os problemas de repente desapareciam. Mas quando terminamos, nós também tínhamos motivos demais. E sinceramente, eu prefiro nem cita-los.  Letícia Pontes

Insônia

Todos esses dias de insônia. Eu sei bem do que se trata. Tentei fingir que não era mais aquilo, mas eu reconheço os sintomas. Eu achei que havia acabado, mas pelo jeito isso só estava adormecido.  Como posso não conseguir controlar minha própria mente? Como eu posso estar tão presa à isso? Presa à você? Essa dependência emocional que você me causou, um dia vai me matar. Quando você me disse que sem você eu não seria ninguém, eu ignorei, mas meu subconsciente não. E agora tudo na minha vida dando errado, eu sempre acabo me perguntando se por acaso você não estava certo. E essas noites de insônia, perambulando pela casa e tomando mil chás para tentar dormir, me faz pensar como seria se você ainda estivesse aqui. Letícia Pontes